FECHAMENTO DO MERCADO 27/11/2025
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China barra 69 mil toneladas de soja brasieira e suspende cinco produtores.
Presença de trigo com pesticida misturada nos grãos de soja brasileira leva Pequim a endurecer controle sanitário sobre produtos agrícolas do Brasil e impõe suspensão temporária a cinco grandes empresas exportado.
A relação comercial entre Brasil e China, especialmente no setor agrícola, enfrentou um revés significativo com o bloqueio de uma carga de 69 mil toneladas de soja brasileira por parte das autoridades chinesas. O motivo: a presença de trigo com pesticidas misturado aos grãos, descoberta feita durante a inspeção no porão do navio que transportava o carregamento para o país asiático.
O incidente gerou reação imediata por parte do governo chinês, que determinou não apenas a rejeição da carga, mas também a suspensão temporária da compra de soja de cinco unidades produtoras brasileiras, pertencentes a grandes empresas do setor.
Os nomes das unidades não foram divulgados na reportagem, mas a medida sinaliza um alerta sobre o rigor cada vez maior da China quanto ao controle de qualidade e segurança alimentar em suas importações.
Impactos para o agronegócio brasileiro A decisão da China acende um sinal de alerta em um momento de grande dependência do Brasil em relação ao mercado chinês, que é seu principal comprador de soja. A rejeição da carga pode implicar:
- Prejuízos financeiros imediatos aos exportadores afetados;
- Desconfiança de compradores internacionais, que podem intensificar exigências sanitárias;
- Necessidade de revisão dos processos logísticos, especialmente na limpeza de navios graneleiros e no controle de contaminações cruzadas.
A mistura acidental de trigo com resíduos de pesticida à carga de soja indica falhas que podem ter ocorrido durante o processo de armazenamento, transporte ou carregamento no porto. Esse tipo de incidente não apenas compromete a imagem dos produtores brasileiros como também pode afetar as relações bilaterais e futuras negociações comerciais.
Rigor sanitário e rastreabilidade em pauta
O caso reforça a importância da rastreabilidade e monitoramento rigoroso nas cadeias produtivas, tema que já vem sendo debatido com intensidade por entidades do setor agropecuário e autoridades brasileiras. A pressão internacional por alimentos seguros e ambientalmente sustentáveis tem se traduzido em exigências cada vez mais rígidas de compradores como China e União Europeia.
Analistas apontam que a resposta brasileira deve ser rápida, transparente e firme, adotando medidas corretivas e reforçando as garantias de qualidade para evitar novos bloqueios. Além disso, o episódio deve acelerar discussões sobre modernização dos sistemas de controle de carga, com maior uso de tecnologia e automação no monitoramento.
China barra soja brasileira: Um caso que ultrapassa fronteiras
Embora o volume rejeitado represente uma fração do total exportado anualmente pelo Brasil, o impacto simbólico é grande. A soja brasileira é responsável por mais da metade das importações chinesas do grão, e qualquer fissura nessa relação pode ter efeitos em cascata sobre preços internacionais, contratos futuros e planejamento logístico das tradings.
Ainda não há confirmação sobre o destino da carga barrada, se será devolvida, destruída ou redirecionada para outro mercado. A expectativa é que, nos próximos dias, o Ministério da Agricultura do Brasil se manifeste oficialmente, com esclarecimentos e eventuais ajustes nos protocolos de embarque e certificação.
Fonte: https://www.comprerural.com/china-barra-69-mil-toneladas-de-soja-brasileira-e-suspende-cinco-exportadores-apos-contaminacao/
Mars reduz custos em até 30% com uso de cabotagem da Aliança.
Atualmente, modal é responsável pela maior parte do abastecimento de produtos pet da empresa no Norte e Nordeste; parceria entre as empresas começou em 2014.
Com presença consolidada no segmento pet — que reúne marcas como Pedigree, Whiskas, Champ e Optimum — a Mars, também conhecida por produtos como M&Ms, Twix e Snickers, está ajustando a estratégia de distribuição de alimentos para pets no Brasil. A empresa firmou parceria com a Aliança Navegação e Logística, companhia da A.P. Moller–Maersk especializada em cabotagem e integração logística, para ampliar a capilaridade, reduzir custos e avançar em metas de sustentabilidade.
A colaboração entre as empresas começou em 2014, especificamente no segmento pet. Desde então, a cabotagem passou a ter papel central na logística da Mars no país, com reduções de custo que chegam a 30% em rotas específicas, além de melhorias em segurança operacional e impacto ambiental. Hoje, o modal atende grande parte da demanda no Norte e Nordeste, regiões com desafios estruturais.
Segundo o gerente de Logística da Mars Pet Nutrition no Brasil, Alex Schenk, a operação representa uma mudança de mentalidade logística dentro da empresa. “Em algumas rotas, o uso da cabotagem representa uma redução de até 30% nos custos logísticos, especialmente no transporte de produtos mais sensíveis. Via cabotagem, transportamos ração seca e agora também ração úmida além de matéria-prima”, disse. Em 2025, a marca planeja novas rotas, incluindo a expansão para regiões como Bahia, Piauí e Maranhão com o uso de contêineres dry.
De acordo com a presidente da Aliança Navegação e Logística, Luiza Bublitz, atualmente, a cabotagem representa 12% dos transportes realizados no Brasil e há muito espaço para crescer. “É um modal que tem se consolidado como uma solução confiável, segura e escalável, com índice zero de roubo e avarias mínimas”, afirmou.
SUSTENTABILIDADE
A adoção da cabotagem também reforça o compromisso global da Mars com a sustentabilidade. A companhia, que movimenta com a Aliança mais de 1K TEUS (contêiner de 20 pés) ao ano, tem a meta de ser neutra em carbono até 2030 e atingir emissões líquidas zero até 2050. Esse objetivo está diretamente alinhado à estratégia da Aliança, que, como parte do grupo Maersk, trabalha para ser uma empresa net zero até 2040, com investimentos em soluções logísticas para reduzir emissões de gases de efeito estufa (GEE).
“A operação com a Aliança tem papel central nesse plano. Até o fim de 2025, a Mars pretende transportar via cabotagem 25% de todo o volume movimentado no Brasil — percentual que pode crescer ainda mais com a ampliação do acesso a novos portos e o fortalecimento da logística inland”, complementou Alex Schenk.
Para a presidente da Aliança, o modal tem um papel cada vez mais estratégico para empresas com metas ambientais ambiciosas. De acordo com a executiva, a cabotagem é o meio de transporte mais eficiente e sustentável no Brasil — um navio transporta até três mil contêineres, o que equivale a três mil caminhões.
“Essa capacidade de movimentar grandes volumes em uma única viagem resulta em emissões significativamente menores de gases de efeito estufa. Emitimos, pelo menos, quatro vezes menos CO² do que o transporte rodoviário, de acordo com dados da ABAC (Associação Brasileira de Armadores de Cabotagem). Essa vantagem logística é também um diferencial competitivo para os clientes que estão avançando em suas estratégias de transição energética e descarbonização”, completou Luiza.
Fonte: https://mundologistica.com.br/noticias/mars-reduz-custos-cabotagem-alianca
Renan Filho oficializa contrato da Ponte São Borja–Santo Tomé, entre Brasil e Argentina.
Concessão prevê redução de tarifas, modernização da travessia e US$ 99 milhões em investimentos logísticos na ligação entre os dois países.
O Ministério dos Transportes deu mais um passo para fortalecer a integração logística entre Brasil e Argentina. Nesta terça-feira (25), o ministro dos Transportes, Renan Filho, homologou a concessão da Ponte Internacional São Borja–Santo Tomé, principal ligação terrestre entre os dois países. A empresa CS Rodovias Mercosul, vencedora do certame realizado em julho de 2025, comprovou atender a todas as exigências econômicas, jurídicas e financeiras para assumir a gestão da travessia, que receberá investimentos de US$ 99 milhões.
“Há anos o Tribunal de Contas da União recomendava ao Ministério dos Transportes que realizasse a concessão para garantir o cumprimento da legislação. Pela primeira vez chegamos até aqui. Acredito que esse modelo utilizado na ponte pode trazer muitos ganhos ao comércio internacional, tanto para o Brasil quanto para a Argentina, e poderá ser replicado em outras regiões do país”, celebrou o ministro.
A concessão integra um conjunto de ações do Governo Federal para ampliar a eficiência logística nas fronteiras brasileiras e potencializar o comércio exterior por meio da infraestrutura rodoviária. Atualmente, cerca de 23% do fluxo de produtos escoados entre Brasil e Argentina utiliza a travessia de São Borja–Santo Tomé. Com relação ao Chile, o percentual chega a 29%, reforçando a relevância estratégica da ponte para o Mercosul.
“Esse projeto traz efeitos importantes. O primeiro é o impacto direto no custo para quem vive próximo à ponte. Antes, moradores da região, tanto do lado brasileiro quanto do argentino, precisavam pagar para atravessar. Agora, os residentes serão isentos, e os caminhoneiros terão descontos”, disse Renan Filho.
Ligação estratégica
O acesso ao empreendimento tem início na BR-285/RS, em São Borja (RS), e percorre 6,6 quilômetros até o início da ponte. A ligação conecta importantes corredores logísticos, como BR-392, BR-472 e BR-158, utilizadas para o transporte de cargas. No lado argentino, a travessia se integra à Ruta Nacional 14.
“Temos acompanhado o esforço do Ministério dos Transportes em avançar com concessões em diferentes modais. Comemoramos o resultado desse processo. Por sermos um estado que favorece concessões, entendemos que este modelo é adequado para garantir investimentos e assegurar a manutenção de ativos públicos relevantes, como a Ponte São Borja–Santo Tomé”, afirmou o vice-governador do Rio Grande do Sul, Gabriel Souza.
Entre as novidades contratadas está a redução de até 97% no preço das tarifas, o que tornará a travessia mais acessível para turistas e usuários frequentes.
“Na organização desse projeto, ouvimos todos os envolvidos: despachantes, prefeitos, autoridades e usuários que dependem da ponte para deslocamento e para atividades de importação e exportação. Foi um trabalho extenso das nossas equipes para elaborar um contrato moderno, que conecta não apenas dois países, mas dois povos e duas economias”, destacou a secretária Nacional de Transporte Rodoviário, Viviane Esse.
Modernização da travessia
As obras a serem executadas pela CS Rodovias Mercosul incluem a instalação de um novo sistema de iluminação, recuperação do pavimento, construção de um pátio de parada para caminhões e melhoria dos acessos rodoviários. Também estão previstos investimentos em suporte às operações alfandegárias, atendimento a veículos de carga, integração com órgãos reguladores e ampliação das áreas dedicadas ao processamento aduaneiro.
“É um projeto que vai muito além da manutenção. Vamos transformar a região em um hub logístico, com novos serviços, áreas de apoio, tecnologia de controle aduaneiro e outras soluções estudadas ao longo dos últimos anos. A operação moderniza a estrutura internacional, movimenta a economia, gera empregos diretos e indiretos e reduz custos operacionais”, ressaltou o porta-voz da CS Rodovias Mercosul, Fernando Quintas.
Concessão chegando
Antes do encerramento do ano, o Ministério dos Transportes realizará o último leilão rodoviário, referente à concessão da BR-381/MG/SP, conhecida como Fernão Dias. Ao todo, treze certames serão realizados em 2025, assegurando mais de R$ 232 bilhões em investimentos privados ao modal.
“O Governo Federal seleciona seus investimentos de forma plurianual. Esse movimento impulsiona o desenvolvimento dos dois países e melhora a qualidade de vida da população brasileira”, concluiu o ministro Renan Filho.
Fonte: https://www.gov.br/transportes/pt-br/assuntos/noticias/2025/11/renan-filho-oficializa-contrato-da-ponte-sao-borja2013santo-tome-entre-brasil-e-argentina?utm_source=chatgpt.com
Com nova unidade em Itajaí, Shopee chega a 15 centros de distribuição no Brasil.
CD localizado em Itajaí (SC) terá capacidade para processar cerca de 400 mil pacotes por dia e vai gerar mais de 700 empregos diretos e indiretos na região.
A Shopee inaugurou o 15º centro de distribuição no país, localizado em Itajaí (SC). De acordo com a empresa, é o primeiro no estado que já possui nove hubs logísticos. A unidade funciona no modelo cross-docking, em que as mercadorias chegam ao local e são roteirizadas para o destino final.
O local terá capacidade para processar cerca de 400 mil pedidos por dia e vai atender principalmente vendedores e consumidores de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul, com esteiras automatizadas para triagem e movimentação de pacotes.
O novo centro de distribuição da Shopee também possui um impacto direto na economia local, serão gerados mais de 700 empregos diretos e indiretos na região, contribuindo para o desenvolvimento econômico.
“Seguimos trabalhando para ter uma rede logística cada vez mais robusta e contribuir com o crescimento do e-commerce. A nova unidade em Itajaí é mais um passo nessa jornada de conectar pessoas e impulsionar negócios em todo o país”, afirmou o head de Expansão da Shopee, Rafael Flores.
TEMPORADA DE FIM DE ANO
De acordo com a empresa, a inauguração do centro de distribuição ocorre às vésperas da temporada de compras mais movimentada do ano, quando eventos como Black Friday e Natal impulsionam significativamente a demanda no e-commerce.
Com as inaugurações já realizadas neste ano, a Shopee agora conta com 15 centros de distribuição (13 no modelo cross-docking e 2 fulfillment) e mais de 200 hubs de primeira e de última milha em operação no Brasil. Além disso, mais de três mil pequenos negócios já são Agências Shopee, ou seja, funcionam como pontos de coleta e retirada de produtos de vendedores brasileiros e também de consumidores (na logística reversa).
Após a jornada física de um pedido na plataforma passar pela preparação da mercadoria pelo vendedor após a confirmação da compra, coleta, separação e envio para unidades logísticas responsáveis pela roteirização e expedição, os produtos são entregues ao consumidor.
Fonte: https://mundologistica.com.br/noticias/shopee-centro-de-distribuicao-itajai
Governo revisa 456 km e sinaliza fim de tarifa abusiva no RS.
Pedágio vai acabar? Governo inicia estudo para remodelar concessão no RS e tarifa pode cair. Veja o que muda na BR-116 e BR-392.
O pedágio vai acabar ou sofrer uma redução drástica em um dos trechos mais polêmicos do país. O Ministério dos Transportes oficializou o estudo que remodela a concessão da Ecovias Sul e promete aliviar o bolso do motorista gaúcho imediatamente.
O motorista que trafega pelo Rio Grande do Sul acaba de receber uma sinalização histórica. O publicou a Portaria nº 842 no Diário Oficial da União, dando o pontapé inicial para a extinção do modelo atual de cobrança.
O documento, assinado pelo ministro Renan Filho, oficializa o Estudo de Viabilidade Técnica, Econômica e Ambiental (EVTEA). Na prática, isso significa que o governo está desenhando uma nova concessão para substituir a atual administração da Ecovias Sul.
O objetivo é claro: modernizar a exploração das rodovias e eliminar tarifas consideradas abusivas pela população. O estudo abrange um trecho colossal de 456,2 km, englobando:
- BR-116/RS: De Camaquã até a fronteira com o Uruguai (Jaguarão)
- BR-392/RS: Do Porto de Rio Grande até Santana da Boa Vista
A grande expectativa é que o novo contrato traga tecnologia para baratear o custo. O modelo atual, criticado pelos altos valores, deve dar lugar a sistemas de cobrança mais inteligentes (possivelmente o Free Flow) e justos.
Se as propostas do estudo forem confirmadas, os motoristas sentirão três impactos diretos, sendo:
- Redução ou fim da tarifa: o estudo avalia a retirada completa de praças de pedágio consideradas injustificadas ou a redução drástica dos valores.
- Estradas de primeiro mundo: o novo edital exigirá pavimentação superior e duplicação de faixas para reduzir acidentes.
- Fôlego para o agronegócio: a região é vital para o escoamento agrícola até o Porto de Rio Grande. Menos pedágio significa frete mais barato e produtos mais competitivos.
O que acontece agora?
O governo foi enfático: a aprovação do estudo não gera direito de ressarcimento à empresa atual e nem obriga a licitação imediata, mas dá ao Estado a liberdade total para definir um novo modelo.
As etapas agora são decisivas, e incluem:
- Validação final do estudo técnico
- Consulta pública (onde a sociedade opina)
- Licitação para escolher a nova empresa
- Transição e início das novas regras
Embora a confirmação oficial da remoção das praças só ocorra após o leilão, a movimentação de Brasília indica que os dias de “pagar caro para andar em estrada ruim” estão contados nesse trecho.
Fonte: https://garagem360.com.br/pedagio-vai-acabar-governo-revisa-456-km-e-sinaliza-fim-de-tarifa-abusiva-no-rs/
Quênia e outros 18 países africanos lançam campanha para recuperar US$ 3 bilhões em receitas de frete.
O Quênia, juntamente com outras 18 nações africanas, está mais perto de lançar uma linha de navegação regional com o objetivo de reduzir a dependência de empresas de transporte de carga estrangeiras, diminuir os custos crescentes de frete e fortalecer o comércio intra-africano.
A iniciativa, liderada pela Organização Marítima para a África Oriental, Austral e Setentrional (MOESNA), foi apresentada durante uma reunião de alto nível em Nairóbi, onde os delegados analisaram estudos de viabilidade preliminares e uma proposta de protocolo regional para cargas marítimas.
Segundo o secretário-geral da MOESNA, Kassim Mpaata, a iniciativa visa colmatar uma lacuna de longa data na capacidade marítima de África: embora quase 90% do comércio internacional do continente seja realizado por via marítima, o controlo sobre a capacidade de transporte marítimo permanece “mínimo e fragmentado”.
“Não temos um protocolo regional de carga para incentivar o investimento em embarcações. Não temos uma estrutura regional para colaboração entre as companhias de navegação nacionais e, portanto, continuamos operando isoladamente”, disse Mpaata.
“Esta estrutura nos permitirá promover a propriedade de embarcações, melhorar a colaboração e fortalecer o comércio marítimo da região.”
Se o plano for bem-sucedido, a linha de navegação regional poderá economizar para as economias africanas até US$ 3 bilhões anualmente, verbas atualmente gastas em linhas de navegação estrangeiras que atendem importações e exportações destinadas aos mercados africanos.
Por que a pressão, a disrupção, os custos e o potencial perdido?
Choques na cadeia de suprimentos global, aumento das taxas de frete e cronogramas de transporte imprevisíveis têm afetado duramente os países africanos nos últimos anos. Especialistas argumentam que a falta de capacidade marítima regional aumenta o custo das importações e prejudica as indústrias locais que dependem de matérias-primas importadas.
Para muitos países da África Oriental, Austral e Setentrional, o transporte marítimo continua caro e ineficiente, tornando, por vezes, o comércio intra-africano mais dispendioso do que o transporte marítimo proveniente de fora do continente.
O Quênia, um importante centro regional por meio da Autoridade Portuária do Quênia (KPA) e do Porto de Mombasa, tem muito a ganhar com isso. A KPA já implementou reformas para descongestionar o Porto de Mombasa e melhorar os tempos de desembaraço aduaneiro, medidas consideradas complementares à proposta de transporte marítimo regional.
O que o plano prevê, mais do que apenas navios.
A estrutura regional proposta não se resume apenas à propriedade de embarcações, mas também prevê um protocolo comum para cargas marítimas, regras harmonizadas para a movimentação de navios e investimento em serviços de navegação costeira.
O protocolo visa permitir que as empresas de transporte marítimo locais operem de forma competitiva, reduzir a dependência de empresas multinacionais e fomentar infraestrutura marítima de propriedade africana.
O secretário principal do Departamento de Estado para Assuntos Marítimos e de Transporte Marítimo do Quênia, Aden Millah, descreveu a atual dependência excessiva de operadores estrangeiros como uma grande restrição:
“Estamos à mercê de empresas internacionais. Não temos controle sobre as taxas e as regras do jogo que elas ditam. Se pudermos ter nossa própria linha de navegação regional, os preços de bens e serviços se estabilizarão e fortaleceremos o comércio intra-africano.”
Os defensores da linha afirmam que ela poderia reduzir drasticamente os custos de frete, eliminando as “taxas de destino” extras, taxas frequentemente impostas por remetentes estrangeiros quando os contêineres são descarregados e transferidos regionalmente.
Integração Econômica, Empregos e Ganhos no Comércio Regional
Se implementada com sucesso, a linha de navegação regional poderá trazer amplos benefícios para o continente. A redução dos custos de transporte marítimo poderá diminuir o preço das importações, aumentar a acessibilidade a bens essenciais e apoiar a indústria regional que depende de insumos importados. Também poderá expandir a capacidade de exportação, tornando os produtos africanos mais competitivos globalmente e dentro do continente, no âmbito da Área de Livre Comércio Continental Africana (AfCFTA).
Além disso, o projeto poderia criar milhares de empregos, desde tripulantes de embarcações e funcionários portuários até logística de carga, manutenção, construção naval e serviços de apoio. Comunidades costeiras e portuárias, há muito marginalizadas, poderiam finalmente se beneficiar do crescimento sustentado do setor marítimo.
Marcos, Ratificação e Verificação da Realidade
Para que a visão se concretize, os estudos de viabilidade e o protocolo de carga preliminares precisam ser ratificados pelos governos participantes, e o financiamento das embarcações precisa ser garantido. A integração das regulamentações nacionais, das leis marítimas e dos corredores logísticos será crucial. Especialistas alertam que, sem uma governança forte, capacitação local e supervisão, o plano pode estagnar, assim como aconteceu em tentativas anteriores de revitalizar as linhas de navegação nacionais.
Ainda assim, o ímpeto é real. Muitos entre os 19 países do grupo argumentam que somente a ação coletiva pode proteger a África dos imprevisíveis mercados globais de frete e ajudar a recuperar o controle de seu comércio marítimo.
Para o Quênia, África e Comércio Global
Essa linha de navegação regional pode marcar um ponto de virada na história marítima da África. Ela representa uma mudança estratégica, da dependência de transportadoras externas para a autossuficiência e a propriedade regional.
Para o Quênia, a medida reforça seu papel como centro logístico; para a África, sinaliza um impulso em direção à soberania econômica. Em um mundo onde as cadeias de suprimentos globais são voláteis, esse pode ser o tipo de transformação estrutural que proporciona às economias africanas maior estabilidade, competitividade e potencial de crescimento.
Se o compromisso se mantiver e os Estados cumprirem suas promessas, encomendando navios, assinando protocolos e modernizando infraestrutura, então o que agora parece uma ideia política poderá se tornar uma revolução nas rotas de carga, remodelando o comércio africano nas próximas décadas.
Fonte: https://www.dawan.africa/news/kenya-and-other-18-african-states-launch-bid-to-reclaim-dollar3-billion-in-freight-revenue?utm_source=chatgpt.com